Quando pensamos em gestualidade na arte moderna, geralmente nos referimos à pintura gestual, em particular à desenvolvida nas décadas de 1940 e 1950 nos Estados Unidos por pintores como Jackson Pollock.
Impactada por procedimentos surrealistas associados à pintura automática, essa abordagem enfatiza a matéria e o gesto do artista. Todavia, experimentações gestuais não se restringem à pintura e estão presentes também em outras técnicas artísticas, especialmente em esculturas produzidas entre as décadas de 1940 e 1960.
Nesta exposição, ao tratarmos de gestualidade, nos referimos ao desejo dos artistas de explorar a matéria de novas formas e à sua capacidade de provocar efeitos visuais.
Em comparação com a pintura, a escultura em bronze tende a ser vista como uma modalidade artística pouco suscetível à gestualidade. No entanto, diversos escultores buscaram maneiras de trabalhar o bronze de forma a se afastar do objetivo tradicional de fixar as formas e torná-las duráveis. Observe, nas imagens abaixo, como as marcas dos dedos, os gestos dos artistas e os materiais utilizados por eles ficaram impressos no bronze.
Maria Martins, *O implacável, 1947, bronze patinado
Acervo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Em “O Implacável”, da escultora brasileira Maria Martins, observamos respingos de cera e marcas de dedos impressos no bronze. A obra foi produzida enquanto a artista residia nos Estados Unidos, período em que teve aulas com o escultor lituano Jacques Lipchitz. Ambos apreciavam modelar em argila e, por essa razão, grande parte de suas obras foi realizada em bronze.
Após trabalharem a argila, a partir de desenhos preliminares ou de maneira espontânea, levavam a peça ao fogo, transformando-a em terracota. Em seguida, faziam um modelo em gesso para, então, realizar a fundição pelo método da cera perdida. No entanto, retocavam os modelos em cera não apenas para corrigir imperfeições, mas também como forma de expressão, tornando cada molde uma obra única. Para Maria Martins, a cera perdida era, em si, um material de criação: ela a derretia e, no resultado final, via-se o seu negativo — a impressão dos gestos e formas no bronze.
Maria Martins, *O implacável, 1947, bronze patinado
Maria Martins, *O implacável, 1947, bronze patinado
Acervo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Felícia Leirner posa em seu atelier na rua Guadelupe, ilustrando seu processo criativo. *Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Estas fotos de Felícia Leirner em seu ateliê são posadas e, portanto, não capturam o instante real da criação. Prova disso são o vestido e os sapatos impecáveis da artista. No entanto, nos registros, ela simula o ato de esculpir na argila, buscando imprimir as pontas dos dedos na matéria e criar texturas com seus instrumentos.
A gestualidade não se restringe ao trabalho na argila, mas desempenha um papel central no processo criativo de Felícia Leirner com o bronze, como veremos a seguir.
Felícia Leirner posa em seu atelier na rua Guadelupe, ilustrando seu processo criativo. *Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Grande parte das esculturas de Felícia Leirner é feita em bronze, material que ela utilizou amplamente até meados da década de 1960. Nesse período, ao se mudar para Campos do Jordão, precisou desenvolver novas técnicas devido à ausência de casas de fundição na cidade.
A análise de sua produção em bronze revela não apenas a transição da figuração para a abstração, mas também suas experimentações plásticas com outros materiais. Embora haja poucos registros sobre suas técnicas e processos criativos, alguns documentos de arquivo e as próprias obras servem como vestígios, permitindo reconstruir suas práticas e levantar hipóteses sobre suas formas de trabalhar a matéria.
*Composição 5, Felícia Leirner, bronze, 1960. Acervo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
A obra “Composição 5”, de Felícia Leirner, foi realizada em 1961 e exposta na VI Bienal de São Paulo. Trata-se de uma abstração lírica, composta por formas verticais e horizontais. Pesquisas físico-químicas realizadas na escultura indicam que ela provavelmente foi fundida no bronze de forma inteiriça, já que vestígios de solda foram encontrados apenas na base.
A obra “Composição 5”, de Felícia Leirner, foi realizada em 1961 e exposta na VI Bienal de São Paulo. Trata-se de uma abstração lírica, composta por formas verticais e horizontais. Pesquisas físico-químicas realizadas na escultura indicam que ela provavelmente foi fundida no bronze de forma inteiriça, já que vestígios de solda foram encontrados apenas na base.
*Detalhe da obra “Composição 5”, Felícia Leirner, bronze, 1960. Acervo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Ao nos aproximarmos da obra e observá-la atentamente, percebemos marcas de pregos deitados e de correntes de cobre, como se esses elementos tivessem sido acrescentados ao molde original de gesso ou cera perdida. Sua função é puramente visual, contribuindo para a textura e os efeitos matéricos da escultura.
*Detalhe da obra “Composição 5”, Felícia Leirner, bronze, 1960. Acervo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Além disso, em outras partes da obra, vemos também marcas de cabeças de pregos. A forma como estão dispostos e sua quantidade sugerem que não tinham uma função estrutural na modelagem, mas foram adicionados intencionalmente para criar efeitos visuais, deixando suas impressões no bronze.
Para além de “Composição 5”, “Forma Vegetal I”, produzida pela artista no mesmo período, também apresenta marcas que evocam cabeças de pregos. Ela também parece ter sido fundida de forma inteiriça. A aproximação técnica entre as duas esculturas sugere um tipo específico de experimentação plástica e modo de trabalhar o bronze.
*Forma Vegetal I, Felícia Leirner, bronze, 1960/61. Acervo Museu Felícia Leirner.
*Forma Vegetal I, Felícia Leirner, bronze, 1960/61. Acervo Museu Felícia Leirner.
Para além de “Composição 5”, “Forma Vegetal I”, produzida pela artista no mesmo período, também apresenta marcas que evocam cabeças de pregos. Ela também parece ter sido fundida de forma inteiriça. A aproximação técnica entre as duas esculturas sugere um tipo específico de experimentação plástica e modo de trabalhar o bronze.
*Detalhe da obra “Forma Vegetal I”, Felícia Leirner, bronze, 1960/61. Acervo Museu Felícia Leirner.
Como vemos na imagem, em “Forma Vegetal I”, marcas de cabeças de pregos se misturam à impressão de respingos de matéria, criando efeitos visuais e atribuindo gestualidade à escultura.
Carta de Mário Pedrosa, Diretor Geral do MAM SP, à Felícia Leirner datada em 16 jan 1962. Acervo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Ao lado, a carta de Mário Pedrosa, então diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), registra como a obra passou a integrar a coleção do museu.
Felícia Leirner decidiu doar ao MAM-SP uma das esculturas que havia exposto na Bienal de São Paulo de 1961 e pediu que Mário Pedrosa escolhesse uma delas. Ele optou por “Composição 5”. Pouco depois, em 1963, o museu foi fechado e sua coleção doada à Universidade de São Paulo, dando origem ao acervo do MAC/USP, onde a obra permanece desde então.
A série “Cruzes” foi realizada em 1963 e é composta por seis esculturas em bronze, apresentadas na VII Bienal de São Paulo, edição em que Felícia Leirner recebeu o Prêmio de Melhor Escultor Nacional. Compostas por retângulos sobrepostos e entrelaçados, de aspecto sólido e rústico, as esculturas remetem a tábuas de madeira pregadas na horizontal e na vertical.
Pesquisas no arquivo pessoal de Felícia Leirner revelaram desenhos que indicam que toda a série foi soldada. Isso significa que cada escultura foi composta por peças fundidas separadamente em bronze e depois unidas por meio de solda. Os desenhos mostram os locais e as posições em que as peças deveriam ser encaixadas. Além disso, as letras e números presentes nos esboços também foram marcados nas obras para facilitar sua identificação.
Veja abaixo as esculturas e os desenhos e descubra mais sobre o processo criativo de Felícia Leirner.
No caso de “Cruzes I”, a artista desenhou a obra em duas faces para facilitar a compreensão da posição e do encaixe das peças na base. A escultura é composta por três estruturas verticais, às quais são soldadas, na horizontal ou na diagonal, formas menores. No total, a obra é constituída por 23 peças, além da base.
*À esquerda: Cruzes I, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da folha 1 da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*À esquerda: Cruzes I, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da folha 2 da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*À esquerda: Cruzes I, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da folha 3 da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*À esquerda: Cruzes I, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da folha 2a da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*À esquerda: Cruzes I, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho do Lado A da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*Desenho da Lado A e B da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*À esquerda: Cruzes I, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner, Campos do Jordão.
*À direita: Desenho da Lado B da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
No caso de “Cruzes I”, a artista desenhou a obra em duas faces para facilitar a compreensão da posição e do encaixe das peças na base. A escultura é composta por três estruturas verticais, às quais são soldadas, na horizontal ou na diagonal, formas menores. No total, a obra é constituída por 23 peças, além da base.
*À esquerda: Cruzes I, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da folha 1 da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*À esquerda: Cruzes I, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da folha 2 da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*À esquerda: Cruzes I, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da folha 3 da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*À esquerda: Cruzes I, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da folha 2a da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*À direita: Desenho do Lado A da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*Desenho da Lado A e B da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
*À esquerda: Cruzes I, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner, Campos do Jordão.
*À direita: Desenho da Lado B da obra Cruzes I. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Em comparação com “Cruzes I”, “Cruzes II” apresenta uma estrutura mais complexa. Enquanto na primeira as formas verticais fixadas na base são independentes, na segunda, elas se conectam, formando uma estrutura central única, à qual são acopladas peças menores em diferentes posições.
*À esquerda: Cruzes II (lado A), Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da face A da obra Cruzes II. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Para orientar o processo de soldagem, a artista dividiu a escultura em quatro faces — A, B, C e D — e desenhou cada uma delas. No esboço da face A, há uma anotação indicando que as partes pintadas de maneira distinta deveriam ser fixadas na base. Ela também assinalou as ligações que conectam a forma da face A às das outras faces. As letras representam as peças que compõem a estrutura central, enquanto os números indicam as formas a serem acopladas.
*À esquerda: Cruzes II (lado B), Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da face B da obra Cruzes II. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
No total, a obra é formada por 41 peças. A estrutura central consiste em 12 partes conectadas, além de 10 formas soldadas na base, às quais são acopladas 19 peças menores.
**À esquerda: Cruzes II (lado C), Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da face C da obra Cruzes II. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Também é possível observar marcas de barras finas de metal, que provavelmente foram adicionadas ao molde ou à peça original para criar efeitos visuais no bronze.
*À esquerda: Cruzes II (lado D), Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho da face D da obra Cruzes II. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Em comparação com “Cruzes I”, “Cruzes II” apresenta uma estrutura mais complexa. Enquanto na primeira as formas verticais fixadas na base são independentes, na segunda, elas se conectam, formando uma estrutura central única, à qual são acopladas peças menores em diferentes posições.
*À esquerda: Cruzes II (lado A), Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
Para orientar o processo de soldagem, a artista dividiu a escultura em quatro faces — A, B, C e D — e desenhou cada uma delas. No esboço da face A, há uma anotação indicando que as partes pintadas de maneira distinta deveriam ser fixadas na base. Ela também assinalou as ligações que conectam a forma da face A às das outras faces. As letras representam as peças que compõem a estrutura central, enquanto os números indicam as formas a serem acopladas.
*À direita: Desenho da face A da obra Cruzes II. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
No total, a obra é formada por 41 peças. A estrutura central consiste em 12 partes conectadas, além de 10 formas soldadas na base, às quais são acopladas 19 peças menores.
*À esquerda: Cruzes II (lado B), Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
Também é possível observar marcas de barras finas de metal, que provavelmente foram adicionadas ao molde ou à peça original para criar efeitos visuais no bronze.
*À direita: Desenho da face B da obra Cruzes II. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
No total, a obra é formada por 41 peças. A estrutura central consiste em 12 partes conectadas, além de 10 formas soldadas na base, às quais são acopladas 19 peças menores.
**À esquerda: Cruzes II (lado C), Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
Também é possível observar marcas de barras finas de metal, que provavelmente foram adicionadas ao molde ou à peça original para criar efeitos visuais no bronze.
*À direita: Desenho da face C da obra Cruzes II. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Também é possível observar marcas de barras finas de metal, que provavelmente foram adicionadas ao molde ou à peça original para criar efeitos visuais no bronze.
*À esquerda: Cruzes II (lado D), Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
Também é possível observar marcas de barras finas de metal, que provavelmente foram adicionadas ao molde ou à peça original para criar efeitos visuais no bronze.
*À direita: Desenho da face D da obra Cruzes II. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
“Cruzes III” possui uma estrutura horizontal central, vazada no centro, na qual são soldadas peças menores em diferentes posições e direções. Assim como em “Cruzes II”, há marcas de finas barras de metal adicionadas para criar efeitos plásticos.
Para orientar a soldagem das peças, a artista elaborou dois desenhos da obra. Nesta face, além da estrutura central, observamos três peças verticais soldadas diretamente na base, todas numeradas pela artista.
*À esquerda: Cruzes III, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho de Cruzes III, p.1, Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Na outra face, há duas estruturas verticais fixadas à base, e, nesse caso, as peças são identificadas por letras. Nos dois desenhos, a artista circula os pontos onde a solda deveria ser aplicada.
*À esquerda: Cruzes III, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho de Cruzes III, p.2, Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Assim como em “Cruzes II”, percebe-se o uso de finas barras de metal, incorporadas ao molde com o intuito de criar efeitos plásticos.
*Detalhe da obra “Cruzes III”, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
A obra “Cruzes IV” possui duas versões em bronze musealizadas: uma no Museu Felícia Leirner, em Campos do Jordão, e outra na Tate Gallery, em Londres. A versão no Reino Unido foi adquirida por Pietro Maria Bardi, então diretor do Museu de Arte de São Paulo (MASP), e doada por ele à Tate em 1962.
*À esquerda: Cruzes IV, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho de Cruzes IV, folha 1. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Nos desenhos, a artista dividiu a escultura em quatro faces, intituladas “frente principal”, “lateral M”, “lateral P” e “inverso da frente principal”. Nesta imagem, as peças menores estão numeradas, enquanto as letras indicam as formas acopladas na “frente principal”. Quanto à estrutura, a escultora marcou os cortes, sinalizando os pontos de soldagem.
*À esquerda: Cruzes IV, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho de Cruzes IV, folha 2. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Nos desenhos, assim como na própria escultura, observa-se a inserção de barras de ferro. A artista assinalou a extensão dessas barras que deveria permanecer exposta. Isso sugere que elas foram soldadas junto às peças de bronze e posteriormente patinadas.
*À esquerda: Cruzes IV, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho de Cruzes IV, folha 3. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Ao nos aproximarmos da obra “Cruzes IV” percebemos as barras de ferro, além de outras texturas e efeitos matéricos.
*Detalhes da obra “Cruzes IV”, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*Detalhes da obra “Cruzes IV”, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
A incorporação de outros materiais ao bronze por meio da soldagem evidencia o caráter inovador e experimental das obras de Felícia Leirner.
*À esquerda: Cruzes IV, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho de Cruzes IV, folha 4. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
A obra “Cruzes IV” possui duas versões em bronze musealizadas: uma no Museu Felícia Leirner, em Campos do Jordão, e outra na Tate Gallery, em Londres. A versão no Reino Unido foi adquirida por Pietro Maria Bardi, então diretor do Museu de Arte de São Paulo (MASP), e doada por ele à Tate em 1962.
*À esquerda: Cruzes IV, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
Nos desenhos, a artista dividiu a escultura em quatro faces, intituladas “frente principal”, “lateral M”, “lateral P” e “inverso da frente principal”. Nesta imagem, as peças menores estão numeradas, enquanto as letras indicam as formas acopladas na “frente principal”. Quanto à estrutura, a escultora marcou os cortes, sinalizando os pontos de soldagem.
*À direita: Desenho de Cruzes IV, folha 1. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
Nos desenhos, assim como na própria escultura, observa-se a inserção de barras de ferro. A artista assinalou a extensão dessas barras que deveria permanecer exposta. Isso sugere que elas foram soldadas junto às peças de bronze e posteriormente patinadas.
*À esquerda: Cruzes IV, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
Ao nos aproximarmos da obra “Cruzes IV” percebemos as barras de ferro, além de outras texturas e efeitos matéricos.
*À direita: Desenho de Cruzes IV, folha 2. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
A incorporação de outros materiais ao bronze por meio da soldagem evidencia o caráter inovador e experimental das obras de Felícia Leirner.
*À esquerda: Cruzes IV, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
Detalhes da obra “Cruzes IV”, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*Detalhes da obra “Cruzes IV”, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
Detalhes da obra “Cruzes IV”, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*Detalhes da obra “Cruzes IV”, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
Detalhes da obra “Cruzes IV”, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*Detalhes da obra “Cruzes IV”, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
A incorporação de outros materiais ao bronze por meio da soldagem evidencia o caráter inovador e experimental das obras de Felícia Leirner.
*À esquerda: Cruzes IV, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
A incorporação de outros materiais ao bronze por meio da soldagem evidencia o caráter inovador e experimental das obras de Felícia Leirner.
*À direita: Desenho de Cruzes IV, folha 4. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
“Cruzes VI” é composta por uma estrutura vertical central da qual saem formas menores maciças e vazadas. Repare que várias das peças em bronze lembram a aparência de pedaços de madeira velhos.
*À esquerda: Cruzes VI, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho de Cruzes VI, Lado 1. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
No desenho da obra, vemos que a artista dividiu a escultura em “lado 1” e “lado A”. No primeiro, ela marca números nas peças menores e, no segundo, letras, para diferenciar as formas que deveriam ser soldadas em cada lado. Em lápis de cor azul ela sinaliza quais os pontos de solda.
*Desenho de Cruzes VI, Lado 1 e Lado A. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
A obra é composta de 29 pedaços, levando em conta a base. São 26 formas menores e a estrutura central, que é constituída de duas partes. Veja que nesta obra também há marcas de barras finas e grossas de metal.
*À esquerda: Cruzes VI, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
*À direita: Desenho de Cruzes VI, Lado A. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
“Cruzes VI” é composta por uma estrutura vertical central da qual saem formas menores maciças e vazadas. Repare que várias das peças em bronze lembram a aparência de pedaços de madeira velhos.
*À esquerda: Cruzes VI, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
No desenho da obra, vemos que a artista dividiu a escultura em “lado 1” e “lado A”. No primeiro, ela marca números nas peças menores e, no segundo, letras, para diferenciar as formas que deveriam ser soldadas em cada lado. Em lápis de cor azul ela sinaliza quais os pontos de solda.
*À direita: Desenho de Cruzes VI, Lado 1. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
A obra é composta de 29 pedaços, levando em conta a base. São 26 formas menores e a estrutura central, que é constituída de duas partes. Veja que nesta obra também há marcas de barras finas e grossas de metal.
*Desenho de Cruzes VI, Lado 1 e Lado A. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
A obra é composta de 29 pedaços, levando em conta a base. São 26 formas menores e a estrutura central, que é constituída de duas partes. Veja que nesta obra também há marcas de barras finas e grossas de metal.
*À esquerda: Cruzes VI, Felícia Leirner, bronze, 1963. Acervo Museu Felícia Leirner.
A obra é composta de 29 pedaços, levando em conta a base. São 26 formas menores e a estrutura central, que é constituída de duas partes. Veja que nesta obra também há marcas de barras finas e grossas de metal.
*À direita: Desenho de Cruzes VI, Lado A. Arquivo Pessoal Felícia Leirner. Acervo Museu Judaico de São Paulo.
"Tanto aprendemos, desde que nascemos, e tudo o que encontramos durante a vida é como pinceladas sobre um quadro. Sempre com as mesmas cores e com muita tinta. Com a tela coberta, já não se pode enxergar o que está por baixo: precisamos adivinhar."
Felícia Leirner.
Ao percorrer os três eixos desta exposição, revisitamos a trajetória singular de Felícia Leirner, explorando seus processos criativos e a materialidade de suas obras. Em “Trajetória”, apresentamos sua inserção no meio artístico paulista e os desafios de ser uma mulher imigrante no cenário da arte moderna. Já em “Materialidades”, exploramos suas técnicas e os processos construtivos que deram forma às suas esculturas, destacando também questões de conservação.
A metáfora que Felícia usa para descrever a vida – “uma tela coberta de tinta” – também se aplica à sua própria obra. Seus processos criativos permaneceram, em grande parte, ocultos. Ela pouco falou sobre eles, e seus críticos raramente os abordaram. Foi preciso adivinhá-los. Em “Gestualidades”, buscamos justamente esse exercício: a partir de desenhos e das próprias esculturas, procuramos vestígios de suas experimentações plásticas, lançando um novo olhar sobre sua produção, mais atento à materialidade e às inovações que ela trouxe para a escultura.
Ao destacar sua inserção no circuito artístico, suas escolhas técnicas e os gestos impressos em sua produção, buscamos não apenas ampliar o conhecimento sobre Felícia Leirner, mas fomentar o interesse pela preservação e estudo da escultura e contribuir para a valorização de mulheres artistas nos acervos públicos brasileiros. Esperamos que esta iniciativa inspire novas pesquisas e diálogos sobre sua importância na escultura moderna, reafirmando seu lugar na história da arte.