A exposição Olhares de (re) existência é fruto da colaboração entre as equipes de funcionários do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro. A mostra fotográfica nasceu ao longo do período de quarentena e isolamento social, provocado pela pandemia do Covid-19, que manteve os equipamentos culturais fechados à visitação pública por, aproximadamente, cinco meses. A novidade histórica e os espaços vazios do Museu e Auditório deram vida a emoções intensas e sentimentos controversos, que foram o alicerce para a inspiração do fotógrafo Jonathan Bulho, estagiário da área de Programação Cultural. As imagens registradas revelam, desse modo, mais que espaços puramente físicos, mas a intimidade de um grupo de pessoas.
O processo criativo que resultou nessas fotografias foi realizado de modo virtual e participativo, e quis investigar as emoções e sentimentos vivenciados pelos membros e pelo grupo. Exercícios de comunicação generosa, escuta ativa e diálogo consciente forneceram elementos para que o fotógrafo retratasse os espaços vazios, como metáforas de percepções compartilhadas. Num exercício continuado, a equipe vivenciou o processo ao longo de um mês - período em que as percepções individuais criaram novos significados no encontro com o coletivo.
Os ambientes físicos do Museu e Auditório foram os elos afetivos que ampararam esse método, revelando olhares de existência, que nos apontam dúvidas e incertezas quanto ao futuro, e olhares de reexistência, que nos lembram de que é necessário, muitas vezes, recriar nossa própria vivência, dando um sentido novo a ela, e até resistindo à tentação de esmorecer diante das dificuldades do momento presente. O jogo entre as palavras que nomeiam a exposição é, portanto, o resultado de novos significados que foram dados a sentimentos e aos espaços vazios, ou seja, à nossa própria existência.
A imersão nos universos individuais e a exteriorização de sentimentos por meio de exercícios resultaram em debates sobre algumas palavras. A palavra, além de nomear, organiza. Instabilidade, Vulnerabilidade, Ansiedade, Preocupação, Desconstrução, Reflexão, Conformismo, Aceitação, Autoconhecimento, Renovação, Intensidade, Interdependência, União, Apego, Expectativa, Esperança, Alegria, Felicidade, Cuidado e Resiliência foram identificadas como termos importantes para o grupo em momentos diferentes do processo, revelando que o isolamento social promoveu certa fragilidade inicial no coletivo. Estado que, conscientemente, foi sendo transformado em força e superação. Cada uma das fotografias, portanto, partiu da investigação de um sentimento, conceito ou palavra compartilhada, que materializada, propõe a organização de uma nova existência, mais resiliente e colaborativa.
Pretende-se apresentar pelas imagens um mergulho nas incertezas provocadas por um cenário completamente desconhecido e, ao mesmo tempo, revelar o potencial coletivo de reconstrução, ressignificação e transformação. Por um lado, se ainda não se pode vislumbrar, claramente, os contextos que se definirão pós-pandemia, por outro, há a certeza de que velhos modelos devem ser substituídos por outros mais sustentáveis e justos.
Convidamos o público a olhar para a exposição e refletir sobre os sentimentos que encontram dentro de si mesmo.
Bem-vindos ao nosso universo!
Desejamos que possa sentir, com a gente, o potencial transformador que habita em todo caos aparente.
O que você vê?
Que emoções essas fotografias despertam em você?
O que, dentro de você, parece refletir nessas imagens?
Permita-se investigar!