Boletim para Educadores

3º TRIMESTRE

Museu e Auditório e sua parceria com a Câmara Técnica de Educação Ambiental PECJ

“A pessoa conscientizada tem uma compreensão diferente da história e de seu papel. Recusa-se acomodar-se, mobiliza-se, organiza-se para mudar o mundo.”

Paulo Freire

O Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro estão situados em uma importante reserva da Mata Atlântica que abriga, conforme estudo realizado pela ACAM Portinari em 2011, diversas espécies de plantas, árvores e animais. O Museu tem o compromisso de proteger e valorizar o ecossistema, fortalecendo-se como parceiro de unidades de conservação e referência em comunicação ambiental sobre a região e integrando-se ao mosaico de florestas preservadas, com manejo que inclui proteção da biodiversidade e recuperação de áreas degradadas

Visando a proteção, preservação e valorização da fauna e flora, a equipe de educadores do museu e auditório participa, desde 2019, da Câmara Técnica de Educação Ambiental – CTEA – do Parque Estadual Campos do Jordão. Um colegiado que surgiu a partir do Conselho Gestor, como Grupo de Trabalho no ano de 2017 e foi consolidado como Câmara Técnica em 2019, devido à necessidade de desenvolver o Subprograma de Gestão de Educação Ambiental presente no Plano de Manejo do Parque. Sendo assim, o CTEA desenvolve as atividades previstas no programa de Educação Ambiental e Comunicação – PEAC – reunindo instituições e membros da sociedade civil que tem como interesse comum a preservação do meio ambiente. Destaca-se, então, neste boletim, algumas atividades já realizadas com o CTEA PECJ e seus parceiros. 

Em 2019 e 2020, a equipe de educadores do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro participou da 4º e 5º edição do Curso Águas de Campos, voltado para professores da Educação Infantil e Fundamental I, parceria entre Secretaria de Educação e o Parque Estadual Campos do Jordão, que resultou em uma colaboração também com o Museu e Auditório. O curso ofereceu um aperfeiçoamento de informações referentes à fauna, à flora e às águas (nascentes, fontes e rios) de Campos do Jordão, cuja proposta era a elaboração de projetos e atividades que foram realizadas pelos professores com os estudantes em comemoração ao Dia da Água (22 de março).

Em celebração ao Global Big Day, evento mundial que ocorre anualmente entre observadores de pássaros, a equipe do Museu e Auditório juntamente com 32 outros passarinheiros, de várias cidades e diferentes estados, verificaram 67 espécies de aves, inclusive a observação do primeiro registro de Cais Cais, espécie até então nunca vista no município, aprendendo mais sobre as aves locais. Foi realizado também o Passeio Ciclístico – em comemoração ao Dia Nacional da Mata Atlântica –, com início na Praça Ministro Sérgio Mota e terminou às margens da represa Monte Carlo, onde foi feita a coleta de lixo do entorno da represa e depois o plantio de 70 mudas nativas. Essa ação contou com moradores da cidade e principalmente moradores do bairro Monte Carlo que fica próximo a represa.

Houve participação da equipe do Museu Felícia Leirner e do Auditório Claudio Santoro em ações voltadas à limpeza de rios da cidade, como a “Limpeza do Rio Sapucaí”, localizado no Parque Estadual Horto Florestal. Foram coletados 290 kg de resíduos das margens do rio, sendo estes garrafas pet, isopor, garrafas de vidro, plástico, entre outros. A ação contou com voluntários de diversos setores (IFSP, Rancho Santo Antônio, PECJ, etc.). Todos os resíduos coletados

foram doados para a ONG Recicla +. E em parceria com a Câmera Técnica Ambiental e outras instituições e moradores da Cidade de Campos do Jordão, a equipe educativa do Museu e Auditório esteve presente na ação “Limpeza das Águas”, nas margens das águas do Rio Sapucaí-Guaçú, no Parque Estadual Campos do Jordão, totalizando 50 voluntários. A equipe do educativo participou dessa ação juntamente com os setores de programação, acervo e edificação do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro. Essa ação, promovida por meio de um mutirão de limpeza, teve um papel educativo e de conscientização sobre o descarte inadequado e a destinação correta dos resíduos sólidos. Cerca de 446 quilos de lixo foram recolhidos no local.

Os educadores do Museu e Auditório também participaram do curso de formação oferecido pelo PEACE (Projeto Educação Ambiental para Corações Ecológicos), que é parceiro na Câmara Técnica de Educação Ambiental. O curso ministrado “Espécies de árvores da região de Campos do Jordão e sua importância na conservação dos recursos hídricos”, ofertado pela Educadora Ambiental Ana Carolina de Souza Nascimento, ofereceu grande aprendizado, com visita a um viveiro para ver as espécies nativas, trilha de reconhecimento das espécies em habitat natural próximas ao rio e lagos, reconhecimento das espécies observadas durante a trilha e construção de um mapa do local e plantio de árvores. Esse curso agregou no aprendizado na área ambiental, com participação de biólogos, engenheiro florestal e professores da rede municipal da cidade. Essas são algumas das ações dentre tantas outras que já foram realizadas nesses anos de parceria.

Encerramos este boletim destacando que continuam ocorrendo mensalmente reuniões virtuais com os membros – Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Fundação Florestal, Aventoriba, Parque Estadual Campos do Jordão, Comitê de Bacias Hidrográficas da Serra da Mantiqueira, PEACE, Altus Turismo, Associação de Vendedores de Pinhão, Educando e Cantando, Avepi, e Empresa Urbanis (Concessionaria PECJ) e sociedade civil) – da Câmara Técnica de Educação Ambiental PECJ que, mesmo em tempos de isolamento social, não deixou que seus projetos e objetivos fossem paralisados. Ressaltamos ainda que estamos abertos ao estabelecimento de novas parcerias para trabalhar junto a diversos públicos os temas pertinentes à educação ambiental, tema fundamental para que as pessoas se tornem mais conscientes sobre a sustentabilidade e a importância de construir um futuro mais limpo para as próximas gerações.

Referências

Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro Plano Museológico 2018 rev. 2020 – Programa Educativo e Cultural

Patrimônio Ambiental

http://camposdojordao.sp.gov.br/Noticia/?i=1636&c=

2º TRIMESTRE

PROJETO FORA DA CAIXA

Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte”. 

Johann Goethe

Dando continuidade à apresentação das ações e projetos realizados pela equipe educativa do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro, o boletim para educadores traz, em sua segunda edição de 2021, o Projeto Fora da Caixa

Realizado em parceria entre os setores de programação e educativo, o Projeto Fora da Caixa teve sua primeira edição em fevereiro de 2019, e desde seu início tem como objetivo aproximar os equipamentos culturais da população jordanense, levando atividades educativas, apresentações de artistas locais e divulgação de eventos e atrações para o centro comercial de Campos do Jordão. 

Com o intuito de criar o costume na população de participar das ações, foi estabelecido que o projeto acontecesse todas as últimas sextas-feiras de cada mês, em um ponto de fácil acesso e com maior circulação de pessoas. Foi estabelecida uma parceria com a Prefeitura Municipal de Campos do Jordão e a Secretaria de Cultura do município e, com isso, o Projeto Fora da Caixa pôde utilizar espaços públicos, como praças e gazebos, para garantir a infraestrutura necessária para a realização de cada ação. 

A execução das primeiras ações foi muito importante para que fosse possível conhecer o perfil do público participante, permitindo adaptar as atividades de acordo com a disponibilidade de tempo, e também os temas e as atividades sugeridas pelos próprios participantes.  Dentre as práticas exercidas destacamos o Jogo de Campos – jogo de tabuleiro gigante que conta fatos e curiosidades sobre o município -, a ação realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, como uma discussão aberta que teve como tema o artigo 27 da Declaração dos Direitos Humanos, em que o acesso à cultura é inegável a qualquer cidadão, e a participação  da equipe do Museu e Auditório levando o Fora da Caixa para o desfile cívico em comemoração aos 145 anos de Campos do Jordão. Na ocasião, foram apresentadas fotos das temáticas dos equipamentos culturais junto à um show de dança com os bailarinos do Grupo Olharte, inspirados na história e nas esculturas de Felícia Leirner; dentre tantas exibições musicais, o Dj Meszo esteve presente em grande parte das

ações. Foi disponibilizada, em uma das edições, uma mesa recheada de livros para doação, sendo possível perceber o grande interesse da população pela leitura, sendo assim inserida também no Projeto Fora da Caixa a doação de livros com a campanha “A cada livro perdido um leitor encontrado”. Desde então,durante todas as ações do projeto, é montada uma mesa repleta de livros, todos encapados em papel pardo e com um marca páginas feito em papel com um breve resumo do conteúdo do pacote, para que o leitor escolha o livro por seu conteúdo e não apenas pela capa.

Criado para levar apresentações artísticas, ações educativas e a divulgação das atrações do mês seguinte do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro para a população jordanense, o Projeto Fora da Caixa ganhou versões virtuais durante a pandemia, mas não deixou de aproximar os espaços culturais dos jordanenses. Sempre proporcionando ações educativas e artistas locais como as apresentações do Duo Rios Araujo, Banda Tardis, Camila Faria e a Orquestra Platanus. 

Encerramos este boletim com a certeza de que as ações realizadas dentro do Projeto Fora da Caixa são de extrema importância para intensificar e estreitar a relação entre a população e os equipamentos culturais, não só levando às praças da cidade nossas atividades educativas e apresentações musicais, como também mostrando ao jordanense o valor de sua participação nas ações cotidianas do Museu e Auditório para a construção de nossa história. Esperamos, com isso, que a presença dos cidadãos de Campos do Jordão seja cada dia maior e mais constante em nossos espaços.

Referências

Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro Plano Museológico 2018 rev. 2020 – Programa Educativo e Cultural

1º TRIMESTRE

EM BUSCA DAS MEMÓRIAS PERDIDAS

“A história é testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, anunciadora dos tempos antigos.”

Cícero

Preservar é defender, conservar, resguardar, dar relevância, destaque e importância, é uma atitude de cuidado e respeito. Ao preservar o patrimônio histórico, estamos resguardando a história, o desenvolvimento e a cultura de um povo, mantendo viva sua tradição cultural. E é pensando na preservação histórica que iniciamos 2021 trazendo, em nosso primeiro Boletim para Educadores, o projeto “Em busca das memórias perdidas”, uma campanha que pretende preservar a memória do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão para as futuras gerações. 

Quem visita o Auditório Claudio Santoro pode conhecer as edições de catálogos do Festival de Inverno de Campos do Jordão, uma exposição que reúne 38 catálogos de algumas das 50 edições deste que é considerado o maior evento de música clássica da América Latina. 

“Poucos eventos culturais são tão longevos no Brasil e, na área musical, não há nenhum outro de tamanha importância. Essa constatação se estende para além de nossas fronteiras: há tempos Campos do Jordão é reconhecido como o principal festival de música clássica da América Latina, recebendo estudantes de muitos desses países…  Mesmo com profundas transformações sofridas no ambiente musical brasileiro das últimas décadas, o Festival permanece central para a formação musical de estudantes e uma referência para toda a comunidade musical. Também é reconhecido por sua capacidade de abrir caminhos, conectar pessoas e oferecer oportunidades que podem ser definitivas na carreira dos jovens músicos¹”.

O projeto “Em busca das memórias perdidas” visa encontrar catálogos de edições passadas que ainda não fazem parte da mostra. Todo material encontrado está exposto em vitrines e organizado cronologicamente, a partir de 1979. Assim, os visitantes podem acompanhar as mudanças que ocorreram nas respectivas capas, estruturas e projetos gráficos dos livretos. Além de conhecerem catálogos de anos específicos, o público pode, também, identificar de quais anos ainda não há o catálogo e, assim, contribuir com a campanha que desde o início, recebeu doações de alguns exemplares, como o caso do catálogo de 1980, doado pelo professor Antônio Fernando Costela e por Leda Campestrin Costella, do Museu Casa da Xilogravura. Buscamos, dessa forma, manter viva a história do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão Dr. Luís Arrobas Martins, que reunida em catálogos formam um conjunto de patrimônio documental e que constitui a memória da sociedade. 

Os catálogos expostos na coleção ganharam, inclusive, uma atividade educativa, na qual todos os conteúdos das edições foram reunidos em um livreto simples com a capa em branco. Os participantes puderam conhecer curiosidades e destaques e, também, criar por meio de desenhos sua própria capa. 

Dentre os conteúdos presentes nos catálogos, temos edições completas com a história do evento desde a criação, informações sobre as orquestras que viriam a se apresentar, sobre professores, destaques musicais e bolsistas, além de datas e

horários de cada concerto. Algumas são de menor porte com informações genéricas sobre as apresentações, mais que ainda assim nos mostram fatos curiosos e interessantes sobre cada festival, por exemplo, a de 1985, quando em 20 de julho, no palco do Auditório Claudio Santoro, aconteceu às 18:00 horas um concerto sinfônico em homenagem à escultora Felícia Leirner. Em 1988, além dos concertos sinfônicos, o evento contou com apresentações de coral, dança e teatro; a edição de 1981 mostra que ocorreram eventos comunitários fora do auditório voltados ao gênero musical sertanejo, com apresentações das Irmãs Galvão, Inezita Barroso, Renato Teixeira e Sérgio Reis. Já outras edições receberam nomes como Milton Nascimento, Toquinho e Gal Costa, além de tantos outros grandes nomes da música nacional e internacional. Há, ainda, duas edições especiais, formadas pelos livros “Música nas montanhas – 40 anos de Festival de Inverno de Campos do Jordão” editado pela Santa Marcelina Cultura e lançado em 2009, e “50º Festival de Campos do Jordão” de 2019, publicações que procuram recuperar e manter viva a história do projeto. 

Finalizamos este boletim destacando o quanto se faz necessária a conservação de acervos bibliográficos como parte essencial da preservação da história e da cultura. Aqui, no Museu e Auditório fazemos nossa parte quanto aos cuidados necessários para que os catálogos em exibição permaneçam por um longo tempo. E agora que você já conhece um pouco mais do nosso projeto “Em busca das memórias perdidas”, encerramos convidando você a conhecê-lo pessoalmente e quem sabe colaborar com edições que ainda não fazem parte de nossa exposição.  Lembramos ainda que a equipe de educadores está constantemente pesquisando, se aprofundando e se atualizando diante da história do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão Dr. Luís Arrobas Martins, e realizando atividades que levem ao nosso público um pouco mais sobre esse grande e histórico evento musical.

Referências

São Paulo / Brodowski. Junho / 2010. Documentação e conservação. De acervos museológicos: Diretrizes. Governo do Estado de São Paulo. ACAM Portinari.

São Paulo / 2008. Preservação de Acervos Bibliográficos – Homenagem a Guita Mindlin Organização: Norm Cassares e Ana Paula H. TANAKA. Governo do Estado de São Paulo

São Paulo / 2009. Música nas montanhas: 40 anos de Festival de Inverno de Campos do Jordão. Governo do Estado de São Paulo. Santa Marcelina Cultura. 

São Paulo / 2019. 50º Festival de Inverno de Campos do Jordão. Governo do Estado de São Paulo.

¹ Trecho extraído do livro comemorativo do Festival de Inverno de Campos do Jordão, publicação que procura recuperar a história do projeto. Seu ponto de partida é o livro Música nas Montanhas: 40 anos do Festival de Inverno de Campos do Jordão, editado pela Santa Marcelina Cultura em 2009. Todo o material, no entanto, foi revisto à luz de novos documentos. Além disso, uma nova pesquisa mapeou os últimos dez anos do evento.