O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas, Museu Felícia Leirner, Auditório Claudio Santoro e ACAM Portinari, informam:
Relação entre as borboletas e mariposas com as esculturas da artista Felícia Leirner e qual a sua influência nas visitas educativas
”Será que eu sempre sabia e achei que a borboleta é linda e que a grama é verde?”
Felícia Leirner
O Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro são espaços culturais que possuem um papel fundamental quando tratamos de ações educativas. Estão imersos em meio à natureza e esse fator pode ser abordado com diversos públicos durante as explanações e as visitas. As atividades e oficinas são administradas por meio dos três pilares que norteiam o espaço, sendo eles: Artes Visuais, Meio Ambiente e Música. Com isso, o museu se torna um ambiente dinâmico e atrativo para diferentes tipos de público.
Quando o assunto é o pilar “Meio Ambiente”, o educador pode explorar o tema de diversas formas. A Mata Atlântica é um bioma muito rico e sua abundância de espécies está presente ao longo de todo o trajeto. Há uma grande variedade de insetos que o público consegue observar durante o passeio e perceber o quanto esses seres se beneficiam das esculturas.
Pelas alamedas, ao longo do percurso, diferentes paisagens se conectam com as obras espalhadas pelo espaço. As esculturas permitem que nossos olhos captem a ligação entre a arte e a natureza. Algumas delas foram inspiradas em animais, outras servem até como abrigo para eles, já que possuem formas arredondadas ou assimétricas, pontas e irregularidades que são ótimos locais para a interação com diversas espécies. Se olharmos atentamente, percebemos que algum animal já passou por quase todas as obras. Inclusive, borboletas e mariposas (lepidópteros) utilizam com frequência as curvas das esculturas para colocarem seus ovos, tornarem-se pupas, rastejarem em sua fase de lagarta ou até mesmo para repousarem suas asas. É possível acompanhar todo o desenvolvimento desses insetos, sendo um tema muito atrativo e diferente que pode ser abordado durante o percurso.
Durante o passeio e a interação da equipe educativa com os visitantes, ao passarmos pelas esculturas denominadas “Habitáculos”, pertencentes à fase orgânica da artista, existe uma variedade de espécies de borboletas se alimentando e sobrevoando as bordas das matas próximas as esculturas. Esse conjunto de obras foi construído como verdadeiras casas para os animais, e esses pequenos insetos voadores parecem ter descoberto isso. Ou seja, para além da poética e intencionalidade artística, as esculturas auxiliam na proteção e manutenção desses indivíduos.
As mariposas cumprem o seu papel durante a noite. Pelas alamedas e escadas encontramos espécimes que se camuflam no ambiente. As mariposas brancas são quase imperceptíveis ao repousarem nas obras de cimento branco; as de cores escuras e amarronzadas se camuflam nas esculturas em bronze; as de tons acinzentados tornam-se parte daquelas esculpidas a partir do granito.
Todas essas pequenas relações tornam-se de grande peso na sobrevivência dos Lepidópteros, mas também são temáticas que permitem abordar o assunto da evolução das espécies que são adaptadas ao ambiente onde estão inseridas, trazendo exemplos da camuflagem e do mimetismo. A partir da análise do educativo, foram desenvolvidas atividades como a observação noturna, onde é montada uma armadilha luminosa que permite o registro fotográfico das mariposas e identificação de espécies. Nessa atividade, foi possível verificar a presença de algumas espécies que encontram-se em risco de extinção, permitindo abordar a importância da preservação do meio ambiente.
Felícia Leirner sempre teve um amor muito grande pela natureza e pelos animais. Suas esculturas mostram o quanto ela observava e admirava todo o ambiente ao seu redor – cada curva, silhueta e recorte permitem que nossos olhares se guiem para além de suas produções. Desse modo, cada ação educativa desenvolvida no museu é uma oportunidade de expandir o seu conhecimento e descobrir novos horizontes. Uma pequena lagarta ou uma linda borboleta em sintonia com suas obras traz consigo um mundo de possibilidades, que vai desde a curiosidade de uma criança até a sabedoria dos mais velhos, todos trabalhando em conjunto, aprendendo e descobrindo como assuntos tão diferentes podem se conectar de forma tão fantástica.
REFERÊNCIAS:
DAMIÃO, Andreza de Lima. Levantamento da comunidade de borboletas em bairros da cidade de Campos do Jordão – SP. Monografia (graduação) – Universidade de Taubaté, Departamento de Biologia, 2020.
LEIRNER, Felícia. Textos Poéticos e Aforismos. Editora Perspectiva, 2014.
MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Programa Educativo e Cultural. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.