Boletim para Educadores

2º QUADRIMESTRE

Relação do Museu Felícia Leirner com a educação não formal: processos pedagógicos

Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo.
Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.

Paulo Freire (2020, p. 31)

Este boletim educativo é o primeiro de alguns artigos, a serem publicados futuramente, que buscarão pensar a mediação e a comunicação do acervo museológico do Museu Felícia Leirner enquanto processo educativo. Para tanto, iremos levantar abordagens e vertentes pedagógicas que se relacionam com o trabalho do Núcleo Educativo. Nesse sentido, aqui iremos nos ater à vertente pedagógica construtivista com foco nas contribuições de Jean Piaget.

Martins (2015, p. 50) diz que “os museus, em sua imensa variedade de tipologias de acervos e conformações institucionais, comportam um sem fim de práticas educativas voltadas para públicos e objetos diversos”. No Museu Felícia Leirner, além das visitas educativas para públicos escolares, de turismo e espontâneos, também realizam-se oficinas, cursos e ações para variados públicos. São essas práticas promovidas pelo Núcleo Educativo que buscamos refletir por meio do projeto de pesquisa “Comunicação de esculturas no MFL por meio da atividade de mediação para visitantes presenciais: objetivos, conteúdos e métodos”, constituído em parceira com o Núcleo de Acervo e o Centro de Pesquisa e Referência e disponível no site do Museu e Auditório.

Segundo Marandino e Ianelli (2012), a preocupação com a educação nos espaços museológicos tem início no século XX, ou seja, os estudos acerca do tema ainda são recentes e pouco explorados. As autoras dispõem que o histórico dos processos educativos em museus acompanha as tendências pedagógicas da educação formal brasileira, sendo assim, os avanços e pesquisas sobre o processo de ensino-aprendizagem e das perspectivas pedagógicas no contexto formal da educação refletem na educação não formal, no qual os museus se encontram.

Nesse sentido, as pesquisadoras consideram que é possível dividir o contexto histórico dos propósitos educativos dos museus em três gerações, com as seguintes características: na primeira, com preocupação apenas na exposição dos objetos de forma desorganizada e sem propósito educativo; na segunda, ocorre a organização da exibição com foco nos estudos e pesquisas dos mesmos e, na terceira e última geração, volta-se atenção para a interação do público com os objetos expostos. Essas gerações dialogam com as abordagens pedagógicas: tradicionais no primeiro momento, tecnicista no segundo e construtivista no terceiro (Marandino e Ianelli, 2012).

Como já mencionado neste texto, pensando nas especificidades do Museu Felícia Leirner, enquanto um museu de esculturas a céu aberto, com a exposição de obras de uma mesma artista mulher, na interação dos objetos museológicos com o patrimônio ambiental, e na divisão do espaço físico com o Auditório Cláudio Santoro, fez-se relevante iniciar a análise do trabalho do Núcleo Educativo por meio da abordagem construtivista da educação. É válido ressaltar que a adesão a uma determinada concepção pedagógica não se fecha à inclusão de outras, ou seja, um conceito não exclui outro e, sim, adiciona (Marandino e Ianelli, 2012).

De acordo com Santos, Oliveira e Junqueira (2014), Piaget é um dos teóricos que contribuíram para a estruturação do construtivismo. “Falar em Construtivismo, como a própria palavra diz, é pensar em construção, em construção do conhecimento” (Santos, Oliveira e Junqueira, 2014, p. 10). Jean Piaget viveu 84 anos, de 1896 a 1980. Foi biólogo, filósofo e epistemólogo, que por meio da observação do processo da aprendizagem de criança a adolescentes trouxe subsídios teóricos para a psicologia e que, mesmo sem a intenção, são até os dias atuais empregados no campo pedagógico (Santos, Oliveira e Junqueira, 2014). Em suma, as teorias de Piaget relatam a forma pela qual o indivíduo constrói e organiza o conhecimento.

Em seus estudos, Piaget concluiu que o ser humano constrói um conhecimento por meio de estágios que se dão através da evolução gradativa e no qual as mudanças são ordenadas e previsíveis. O homem é um ser social e as relações sociais do seu ambiente interferem no desenvolvimento da inteligência e, assim como o meio social é variável, a inteligência também sofre alterações ao longo do amadurecimento do indivíduo. Esse processo foi denominado pelo pesquisador de mudanças qualitativas e ocorre a partir da aquisição da linguagem com a inteligência prática até a adolescência com o pensamento formal (Taille, Oliveira e Dantas, 2019).

Taille, Oliveira e Dantas (2019) afirmam que, para o biólogo, a inteligência possui duas ramificações: a função que todos os seres possuem e a estrutura que apenas os seres humanos detêm, pois exige maior nível de inteligência. As estruturas cognitivas permitem a compreensão do conhecimento, por ações físicas e mentais. Para Piaget, a aprendizagem acontece da seguinte maneira:

● Assimilação: interpretação.
● Acomodação: compreensão do novo.
● Equilibração: após o conflito, surge a acomodação.
● Esquema: estruturas que se modificam.

Desse modo, a aprendizagem é um ciclo repetitivo que, por meio da relação do sujeito com o objeto, busca constantemente o equilíbrio. Já o desenvolvimento cognitivo decorre por meio de estágios que representam o nível da inteligência. Piaget divide em três estágios:

● Sensório – motor: percepções e ações. O ser humano nasce com duas ações (agarrar e sugar) e todas as outras funções são aprendidas com o tempo. A inteligência prática promove a vivência e a aprendizagem. Uma criança, ao nascer, tem o conceito do que é o mundo. Aos 9 meses, já começa a compreender os objetos.
● Pré-operatório: há mudanças na qualidade da inteligência. Surge a função simbólica, ou seja, a manifestação da linguagem. Nesse período acontece a comunicação, o início da criança no âmbito moral e ético e a organização dos conhecimentos adquiridos em um todo coerente.
● Estágio operatório: ação interiorizada reversível pode ser entendida por pensar, agir e organizar o pensamento. Esse estágio é subdividido em duas partes – operatório concreto e operatório formal.

Por fim, ao considerar que a moral também é um fator social, Piaget propõe que o desenvolvimento da capacidade do raciocínio lógico acontece junto com o desenvolvimento da moral. Ao longo de cada etapa de amadurecimento da inteligência, a criança irá alterar a forma com que se relaciona com as normas e regras morais. Por isso, a moral e a afetividade são temas que Piaget abordou em suas pesquisas.

Os estudos de Piaget contribuíram para o início da superação do modelo tradicional de ensino, no qual o indivíduo era tido como um depósito de informações. Compreender que o processo de ensino-aprendizagem depende das relações sociais e da relação do indivíduo com o objeto de estudo, atribui ao aluno o protagonismo e o papel ativo que antes era ignorado. Esse aspecto acaba por ser um dos mais importantes para o trabalho do Núcleo Educativo do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro.

REFERÊNCIAS
MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Plano Museológico. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Programa Educativo e Cultural. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021

MARANDINO, Martha; IANELLI, Isabela Tacito. Modelos de educação em ciências em museus: análise da visita orientada. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), v. 14, p. 17-33, 2012.

MARTINS, Luciana Conrado. Como é criado o discurso pedagógico dos museus? Fatores de influência e limites para a educação museal. Museologia & Interdisciplinaridade, v. 3, n. 6, p. 49-68, 2014.

SANTOS, Anderson Oramisio; OLIVEIRA, Guilherme Saramago; JUNQUEIRA, Adriana Mariano Rodrigues. RELAÇÕES ENTRE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO EM PIAGET E VYGOTSKY: O CONSTRUTIVISMO EM QUESTÃO. Itinerarius Reflectionis, Goiânia, v. 10, n. 2, 2015. DOI: 10.5216/rir.v10i2.32621. Disponível em: https://revistas.ufj.edu.br/rir/article/view/32621. Acesso em: 24 maio. 2024.

TAILLE, Yves de La; OLIVEIRA, Marta Kohl de; DANTAS, Heloysa. Piaget, Vigotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 2019.

1º QUADRIMESTRE

Relação entre as borboletas e mariposas com as esculturas da artista Felícia Leirner e qual a sua influência nas visitas educativas

”Será que eu sempre sabia e achei que a borboleta é linda e que a grama é verde?”

Felícia Leirner

O Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro são espaços culturais que possuem um papel fundamental quando tratamos de ações educativas. Estão imersos em meio à natureza e esse fator pode ser abordado com diversos públicos durante as explanações e as visitas. As atividades e oficinas são administradas por meio dos três pilares que norteiam o espaço, sendo eles: Artes Visuais, Meio Ambiente e Música. Com isso, o museu se torna um ambiente dinâmico e atrativo para diferentes tipos de público.

Quando o assunto é o pilar “Meio Ambiente”, o educador pode explorar o tema de diversas formas. A Mata Atlântica é um bioma muito rico e sua abundância de espécies está presente ao longo de todo o trajeto. Há uma grande variedade de insetos que o público consegue observar durante o passeio e perceber o quanto esses seres se beneficiam das esculturas.

Pelas alamedas, ao longo do percurso, diferentes paisagens se conectam com as obras espalhadas pelo espaço. As esculturas permitem que nossos olhos captem a ligação entre a arte e a natureza. Algumas delas foram inspiradas em animais, outras servem até como abrigo para eles, já que possuem formas arredondadas ou assimétricas, pontas e irregularidades que são ótimos locais para a interação com diversas espécies. Se olharmos atentamente, percebemos que algum animal já passou por quase todas as obras. Inclusive, borboletas e mariposas (lepidópteros) utilizam com frequência as curvas das esculturas para colocarem seus ovos, tornarem-se pupas, rastejarem em sua fase de lagarta ou até mesmo para repousarem suas asas. É possível acompanhar todo o desenvolvimento desses insetos, sendo um tema muito atrativo e diferente que pode ser abordado durante o percurso.

Durante o passeio e a interação da equipe educativa com os visitantes, ao passarmos pelas esculturas denominadas “Habitáculos”, pertencentes à fase orgânica da artista, existe uma variedade de espécies de borboletas se alimentando e sobrevoando as bordas das matas próximas as esculturas. Esse conjunto de obras foi construído como verdadeiras casas para os animais, e esses pequenos insetos voadores parecem ter descoberto isso. Ou seja, para além da poética e intencionalidade artística, as esculturas auxiliam na proteção e manutenção desses indivíduos.

As mariposas cumprem o seu papel durante a noite. Pelas alamedas e escadas encontramos espécimes que se camuflam no ambiente. As mariposas brancas são quase imperceptíveis ao repousarem nas obras de cimento branco; as de cores escuras e amarronzadas se camuflam nas esculturas em bronze; as de tons acinzentados tornam-se parte daquelas esculpidas a partir do granito.

Todas essas pequenas relações tornam-se de grande peso na sobrevivência dos Lepidópteros, mas também são temáticas que permitem abordar o assunto da evolução das espécies que são adaptadas ao ambiente onde estão inseridas, trazendo exemplos da camuflagem e do mimetismo. A partir da análise do educativo, foram desenvolvidas atividades como a observação noturna, onde é montada uma armadilha luminosa que permite o registro fotográfico das mariposas e identificação de espécies. Nessa atividade, foi possível verificar a presença de algumas  espécies que encontram-se em risco de extinção, permitindo abordar a importância da preservação do meio ambiente.

Felícia Leirner sempre teve um amor muito grande pela natureza e pelos animais. Suas esculturas mostram o quanto ela observava e admirava todo o ambiente ao seu redor – cada curva, silhueta e recorte permitem que nossos olhares se guiem para além de suas produções. Desse modo, cada ação educativa desenvolvida no museu é uma oportunidade de expandir o seu conhecimento e descobrir novos horizontes. Uma pequena lagarta ou uma linda borboleta em sintonia com suas obras traz consigo um mundo de possibilidades, que vai desde a curiosidade de uma criança até a sabedoria dos mais velhos, todos trabalhando em conjunto, aprendendo e descobrindo como assuntos tão diferentes podem se conectar de forma tão fantástica.

REFERÊNCIAS:

DAMIÃO, Andreza de Lima. Levantamento da comunidade de borboletas em bairros da cidade de Campos do Jordão – SP. Monografia (graduação) – Universidade de Taubaté, Departamento de Biologia, 2020.

LEIRNER, Felícia. Textos Poéticos e Aforismos. Editora Perspectiva, 2014.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Programa Educativo e Cultural. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

3º QUADRIMESTRE

REFLEXÃO SOBRE AS FRONTEIRAS DO CONHECIMENTO DENTRO DO SETOR EDUCATIVO

O setor educativo desempenha um papel fundamental na intermediação entre o visitante e os espaços culturais, mediando o aprendizado, a disseminação do conhecimento e a interação do público com o local, por meio de ações educativas.

As ações e oficinas educativas realizadas no Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro são desenvolvidas pelo setor educativo e seguem temáticas, dentro dos pilares do espaço, sendo elas: Artes Visuais, Música e Patrimônio Ambiental, norteando as propostas educativas oferecidas ao público. O setor também abrange suas ideias no âmago do espaço através das datas comemorativas do calendário nacional e regional. Oferece oportunidades de aprendizado experiencial, onde os visitantes podem participar de atividades práticas, visitas educativas, experimentos, oficinas de interação com Museu e Auditório. Esse tipo de aprendizado envolvente e imersivo permitem que os visitantes vivenciem o conhecimento sobre o espaço de forma mais significativa e memorável. Oferecendo ainda oportunidades para que as pessoas acessem informações sobre os dois espaços culturais, abrangendo conceitos e ideias de diversas áreas do conhecimento, permitindo uma ampliação de horizontes e diferentes perspectivas onde se é possível observar.

O setor educativo conduz os visitantes a explorarem as artes visuais em seus diferentes estilos artísticos e técnicas a partir da artista Felícia Leirner, aprendendo sobre a história da arte e desenvolvendo uma apreciação pela criatividade e expressão artística. Bem como a música, no qual o Auditório promove através dos concertos os festivais de verão e inverno organizado pela OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), assim como a série arte no outono e primavera que contam com apresentações teatrais, musicais e muito mais. Ações que permitem descobertas de novos artistas, aprendizado sobre a história da música, diferentes instrumentos e sons, onde o núcleo educativo, em prestígio também ao Claudio Santoro, desenvolve ações dentro do conhecimento da música.

O Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio são espaços nos quais a equipe do educativo pode explorar as áreas do conhecimento a partir de diversas perspectivas, permitindo uma visão ampla e interdisciplinar sobre os pilares que permeiam as instituições. As diferentes áreas que conduzem o setor estabelecem conexões entre elas, enriquecendo as experiências educativas oferecidas aos visitantes. Possibilita a criação de abordagens inovadoras e criativas no desenvolvimento de atividades educativas. Ao combinar elementos das artes visuais, da música e meio ambiente é possível criar experiências imersivas e sensoriais que estimulam a percepção e a compreensão dos visitantes. A interação entre diferentes áreas também pode despertar o interesse de públicos variados, tornando o museu mais acessível e atrativo. Nesse contexto, o Museu Felícia Leirner e o Auditório Claudio Santoro se destacam como importantes espaços culturais localizados também em meio a remanescentes da Mata Atlântica, sendo possível apreciar a beleza da natureza ao redor. Essa integração entre cultura e natureza cria uma atmosfera especial, que enriquece a visita e desperta a consciência ambiental. O Museu, por exemplo, abriga esculturas ao ar livre que dialogam harmoniosamente com a natureza ao redor. Essa interação entre arte e meio ambiente desperta nos visitantes a reflexão sobre a necessidade de proteger e conservar a biodiversidade local.

É interessante observar que apesar dos pilares permearem o Museu e Auditório, o cenário desses dois espaços culturais é rico em informações que podem ser exploradas em distintas áreas. Dessa forma o setor educativo desempenha um papel fundamental na exploração do conhecimento disponível no Museu e no Auditório.

O brutalismo é um estilo arquitetônico que surgiu na década de 1950 e se popularizou nas décadas seguintes. Caracterizado por sua aparência “bruta” e “crua”, também é conhecido por suas estruturas de concreto exposto, linhas retas, ausência de ornamentos, simplicidade e a funcionalidade na arquitetura (ANTONIO et al., 2017).

As ciências biológicas se encaixam na temática meio ambiente e abrangem a área de biologia, a diversidade da vida e o bioma Mata Atlântica, nas quais as características do ecossistema, dos animais e das plantas, podem ser conhecidas e observadas no Museu e Auditório. Estudar ciências biológicas em um espaço cultural é enriquecedor justamente pela interação dessas duas áreas do conhecimento.

O setor educativo também explora diferentes formas de conhecimento a partir de referências literárias sobre a Artista Felícia Leirner e suas poesias ou sobre Cláudio Santoro e suas composições cinematográficas, incluindo a área de estudo audiovisual, aprendendo sobre a história do cinema e refletindo sobre questões sociais e culturais retratadas na sétima arte. Propostas sobre eventos históricos, culturas passadas e tradições preservadas, desenvolvendo uma compreensão mais profunda da cidade de Campos do Jordão e muito mais. A equipe também estabelece parcerias com instituições educacionais, como escolas ou universidades, para complementar e enriquecer o currículo formal. Assim como visitas escolares junto a oficinas como complemento lúdico do aprendizado, programas educativos específicos, projetos colaborativos, recursos educativos, onde estão alinhados com os objetivos culturais do Museu e Auditório e suas fronteiras do conhecimento que podem ser exploradas.

Desse modo é oferecido uma série de atividades e recursos para promover a aprendizagem e o desenvolvimento dos visitantes e das escolas de forma inclusiva, adaptando suas atividades e recursos para atender diferentes faixas etárias, níveis de conhecimento e necessidades dos visitantes, desenvolvendo materiais educativos em formatos acessíveis, onde o conhecimento e as informações presentes no Museu Felícia Leirner e no Auditório Claudio Santoro podem ser compartilhados de forma inclusiva e democrática.

Em suma, a “polimatia” de um setor educativo permite que os profissionais tenham conhecimentos adequados para adaptar as informações e atividades de acordo com as necessidades e interesses de cada assunto. Dessa forma, é possível promover uma educação mais inclusiva e personalizada, atendendo às demandas específicas de cada visitante, além da capacidade de dialogar com diferentes públicos e faixas etárias. A formação de profissionais mais completos e versáteis no contexto atual em que a interdisciplinaridade é cada vez mais valorizada, assim como possuir conhecimentos em diferentes áreas são um diferencial importante no Museu e Auditório.

REFERÊNCIAS

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Programa Educativo e Cultural. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

ANTONIO, Augusto. et al. Brutalismo: Conceitos e análises da Escola Paulista da Arquitetura Moderna Brasileira. Anais do 15º Encontro Científico Cultural Interinstitucional e 1° Encontro Internacional. Paraná, 2017.

2º QUADRIMESTRE

UMA COLCHA DE RETALHOS: ENTRE A INFÂNCIA, A ESCOLA E OS EQUIPAMENTOS CULTURAIS

“Uma colcha é tanto um registro de história de vida quanto uma coberta confortável.”

bell hooks

Durante as visitas do público infantil, perguntas para conhecer mais o grupo são sempre bem-vindas e entre elas temos “o que encontramos nos museus?”. As respostas muitas vezes são “coisas velhas”, “livros”, “dinossauros”, “animais empalhados” e “pinturas”, entre várias opções. Quando explicamos, então, que o Museu Felícia Leirner é um museu todo a céu aberto, repleto de esculturas de diversos materiais, formatos, tamanhos e da mesma artista, temos a possibilidade de adicionar essa construção de um museu no imaginário dos pequenos. E, não menos importante, ao passarmos pelo Auditório Cláudio Santoro, conseguimos resgatar sua grandiosidade, acústica, história e beleza complementada pela Mata Atlântica ao nosso redor.

Em alguns momentos, este pode ser o primeiro contato das crianças com esses espaços culturais recheados de história e que farão parte de suas memórias e trajetórias, compondo, desta forma, mais uma parte da colcha de retalhos que é a vida, onde cada “retalho” é referente a uma experiência, local, troca ou pessoas que cruzam nossos caminhos. Essas ocasiões de contato com os espaços, diversas vezes, são proporcionadas por um passeio escolar e é neste momento que destacamos a importância da parceria entre os equipamentos culturais e as escolas. Essa ponte depende principalmente de um canal de comunicação entre ambos, uma relação de troca mútua com objetivo principal de proporcionar, aos estudantes, experiências enriquecedoras.

“Podemos afirmar que o sucesso das ações com públicos escolares depende da criação de um canal de comunicação efetivo entre os profissionais dessas instituições: o professor e o educador do museu. Um programa educativo consistente é um grande diferenciador para museus e centros culturais. Programas educativos que contemplem a formação de professores, com palestras e visitas-guiadas, dão oportunidade, aos professores, de prepararem seus alunos previamente à visita, o que sabemos, aumenta muito as potencialidades educacionais desse momento.” (MARTINS, 2013, p. 26-27)

Pensando nesse tipo de parceria, o setor educativo desenvolveu novo portfólio de atividades para apresentá-lo aos novos docentes da rede municipal. O objetivo é de demonstrar as ações oferecidas e realizadas pelos educadores, seja nas dependências dos equipamentos culturais para finalizar uma visita educativa, ou ainda no projeto “Museu vai à escola” em que o núcleo educativo leva oficinas à sala de aula. O material apresenta diversas atividades focadas nos três eixos temáticos: Artes Visuais, Música e Meio Ambiente. Contém uma foto de suas respectivas produções, indicação de faixa etária e sugestões de datas, pois a proposta das atividades adicionadas ao dossiê foi pensada também nas diversas datas comemorativas do primeiro semestre de 2023.

O portfólio foi apresentado entre fevereiro e março, em 15 escolas municipais de Ensinos Infantil, Fundamental I e Fundamental II, resultado da colaboração entre Museu e Auditório e Secretaria de Educação Municipal de Campos do Jordão (SP). Com esses encontros, o Núcleo Educativo atendeu o público escolar, a maior parte de escolas municipais, nos programas “Visitas Educativas” e “Museu Vai à Escola”.

Esses momentos de diálogo e presença dos educadores em sala de aula, foram e são de extrema importância também para início de um contato dos alunos com o Museu e Auditório ainda no espaço escolar. Além disso, em vários momentos, os equipamentos foram temas de aulas ministradas pelos professores para o preparo da turma para a visita educativa.

Para assegurar a continuidade dessas ações, o núcleo educativo irá trabalhar na atualização do portfólio baseado nas experiências e resultados obtidos neste primeiro momento, buscando aprimorar o material e, então, apresentá-lo novamente após o retorno das férias escolares de julho. Também vai ampliar a ação para as escolas particulares da cidade e escolas de ensino médio municipais.

Toda essa mobilização busca aproximar não apenas o público escolar para o Museu e Auditório, mas principalmente o público jordanense, fortalecendo a construção do sentimento de pertencimento para com os equipamentos culturais, como patrimônios culturais de Campos do Jordão.

REFERÊNCIAS

PEREIRA. Júnia Sales et al.. Escola e museu – Diálogos e práticas. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Cultura/ Superintendência de Museus; Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais/ Cefor, 2007.

MARTINS, Luciana Conrado et al.. Que público é esse? Formação de públicos de museus e centros culturais. São Paulo: Percebe, 2013.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Programa Educativo e Cultural. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

Portfólio de Atividades do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro, 2023. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1-K8RQXWxoziwQ3EM4PFm1cynUrjGr2jc/view?usp=sharing

PINTO, Júlia Rocha; COUTINHO, Rejane Galvão. Arte-educação em instituições culturais: O ensino não formal em museus de arte. S/d.  Disponível em: http://www.nupea.fafcs.ufu.br/pdf/10eraea/relatos_pesquisa/arte_educacao_em_instituicoes_culturais.pdf  . Acesso em: 09/04/2023.

1º QUADRIMESTRE

O MUSEU FELÍCIA LEIRNER ENQUANTO ESPAÇO DE DISCUSSÃO E DIFUSÃO PARA A HISTORIOGRAFIA DA ARTE BRASILEIRA

“A relação entre mulheres e a criação artística na cultura ocidental: é a hipervisibilidade da mulher como objeto de representação e sua invisibilidade persistente como sujeito criador.”

Patrícia Mayayo

Você já parou para pensar em quantos museus do Estado de São Paulo levam o nome de uma artista mulher?

 A historiografia da arte ocidental sempre deixou as mulheres artistas à margem dos cânones dos movimentos artísticos, sobretudo das vanguardas modernas europeias do século XX. Os livros clássicos que se tornaram “manuais” sobre a história da arte ocidental contribuíram para esse apagamento histórico das mulheres artistas. O Brasil talvez seja um dos únicos países onde uma mulher é considerada o “mártir” do Modernismo, como é o caso de Anita Malfatti e a crítica de sua exposição de 1917. Nos anos 30, essa configuração se modifica um pouco, principalmente para as mulheres pintoras que estiveram cada vez mais presentes dentro das academias e das galerias de arte e, consequentemente, mais bem viabilizadas nas colunas de críticas dos grandes jornais. Ainda que as possibilidades de estudo artístico às mulheres tenham se tornado bastante frequente, vale ressaltar que somente cerca de 20% do acervo dos principais Museus de Arte do Estado de São Paulo são constituídos por obras de artistas mulheres. E segundo o catalogo do IBRAM de 2011, há em torno de 15 museus no Estado de São Paulo nomeados com o nome de uma mulher. Para se ter uma ideia, no Estado existem mais de 500 museus registrados, ou seja, apenas 3% correspondem a essa nomeação. Tendo em vista essa responsabilidade social, cultural e educacional relacionada a essas temáticas de gênero, raça, classe e diversidade, o Museu Felícia Leirner se insere nessa perspectiva.

A documentação publicada sobre Felícia Leirner, muitas vezes, não reitera a contribuição das mulheres que foram cruciais em sua vida profissional. A artista polonesa foi aluna de Yolanda Mohalyi e de Elisabeth Nobling, e se consolidou diante de um círculo artístico muito bem estruturado que abrangeu muitas mulheres artistas, sobretudo mulheres imigrantes, mas só é ressaltado o seu aprendizado com o escultor Victor Brecheret.  Assim, um dos pilares de grande relevância do Museu Felícia Leirner é a reinterpretação de seu acervo museológico e a mediação deste com o público, pautado pela perspectiva dos estudos sociais, políticos e culturais da questão de gênero.

 As ações do Núcleo Educativo são essenciais para que se estabeleça essa conexão entre Museu e espectador, a fim de proporcionar um pensamento emancipador. Por meio de visitas educativas, das oficinas e do curso para professores, é possível trabalhar uma concepção educacional artística, histórica, sociológica, de forma crítica, didática e muito bem embasada. Pensando sempre na sociabilidade que o espaço deve exercer dentro da comunidade em que está inserido.

Um exemplo dessas ações foram as oficinas: “A influência de uma época e a fanzine” ligadas a comemoração do centenário da Semana da Arte Moderna de São Paulo que contou com as obras e participação de artistas mulheres como Anita Malfatti, Zina Aita e Guiomar Novaes. O Museu Felícia Leirner e Auditório Cláudio Santoro recebem visitantes bastante distintos, desde público espontâneo, professores, alunos da rede pública e privada a estudantes de pós-doutorado. Considerando-se que a cada ano a visitação ao Museu Felícia Leirner é mais expressiva, é sempre importante que a instituição preze em ser referência de pesquisa e espaço de discussão.

REFERÊNCIAS

ACAYBA Cíntia, FIGUEIREDO Patrícia. Artistas mulheres representam cerca de 20% dos acervos do Masp e Pinacoteca. G1 Globo, São Paulo, 31 de mar. 2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/03/31/artistas-mulheres representam-cerca-de-20percent-dos-acervos-do-masp-e-pinacoteca-dificil-apagar-exclusao-do-passado-diz-especialista.ghtml>. Acesso em: 21 de jan. 2023.

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. 1770/1970. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

MAYAYO, Patrícia. Historias de Mujeres, Historias del arte. Madrid: Ensayos Arte Cátedra, 2003.

MORAIS, Frederico. Felícia Leirner: a arte como missão/ Frederico Moraes – Campos do Jordão, SP: Museu Felícia Leirner, 1991.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Plano Museológico. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Programa Educativo e Cultural. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. Mulheres Modernistas: Estratégias de Consagração na

Arte Brasileira. São Paulo: Edusp, 2022.

3º QUADRIMESTRE

A NARRATIVA DA SOCIABILIDADE NO RETORNO PRESENCIAL DAS AÇÕES EDUCATIVAS DO MUSEU FELÍCIA LEIRNER

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”

Paulo Freire

A mediação entre os bens culturais e a sociedade, é uma das principais missões do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro. Por muitos meses, a aproximação dos diversos públicos com o acervo museológico e patrimônio ambiental das instituições foi promovida pelo setor educativo, por intermédio de recursos digitais. A equipe se adaptou ao ambiente virtual, reinventando a educação museal e mantendo a qualidade da difusão cultural. Um desafio e tanto que foi, inclusive, tema do Boletim para Educadores publicado em dezembro de 2021.

A partir desse ano, de maneira gradual, houve a retomada das parcerias institucionais do Museu e Auditório, tornando novamente possível a troca presencial de conhecimentos, valores, ideias e costumes entre os sujeitos. O setor educativo reestabeleceu, aos poucos, o contato direto com professores e professoras, alunos e alunas, e com o público em geral. Um sentimento de alegria e alívio, motivo de esperança para todos.

Foi nesse momento de transição, ou seja, de readaptação a um “novo”, porém, já conhecido contexto, que a narrativa da sociabilidade dentro das ações educativas atravessou intensamente a vivência e o dia a dia do Museu Felícia Leirner. As visitas educativas, por exemplo, tornaram-se experiências ainda mais significativas, na medida em que, para além da importância da interação e contato presencial, depois de um longo período de isolamento, com o acervo artístico, cultural e ambiental, a visita ao Museu pôde promover um espaço extramuros escolares para a sociabilidade das crianças, jovens e adultos. Dessa forma, o Museu Felícia Leirner se transformou de novo, e agora ainda mais intensamente do que antes da pandemia, em ponto de encontro da sociedade, seja ela formada por grupo de turismo ou escolar, público idoso, em situação de vulnerabilidade social, com deficiência ou visitantes espontâneos.

A relação do setor educativo com a comunidade local ganhou novo fôlego. Parcerias foram retomadas e outras firmadas. As ações de educação desenvolvidas junto a Apae Campos do Jordão, seja na escola ou no museu, reconectaram os laços entre os jovens e os educadores. Um território de afetos e aprendizagens, de ambos os lados, construído a partir da troca em atividades vinculadas aos eixos norteadores do trabalho educativo do Museu: arte, meio ambiente e música. A retomada trouxe novamente os abraços e sorrisos, resgatando o que há de mais especial na convivência presencial. Foram desenvolvidas atividades que estimulassem os sentidos, criatividade, coordenação motora e o desenvolvimento cognitivo dos alunos, levando em consideração o público em específico e uma perspectiva lúdica do processo de ensino e aprendizagem. A oficina “Bichos de Felícia”, por exemplo, foi um importante momento de troca e mediação interdisciplinar, trabalhando temáticas de preservação patrimonial, ambiental e técnicas artísticas.

O Centro de Convivência do Idoso (CCI), de Campos do Jordão, é o novo parceiro do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro. Por meio do Programa “Outono”, o núcleo de educação vem desenvolvendo ações pensadas especialmente para o atendimento do público idoso. O grupo já realizou visitas às instituições culturais, experiência maravilhosa que terminou com a cantoria improvisada do coral do CCI, na Concha Acústica do Museu. Ser um espaço de excelência para a ampliação das interações sociais legitima a relevância dos espaços culturais como polos de sociabilidade. As ações se transformam em experiências coletivas, elaborando narrativas e sentidos que fortalecem a identidade do grupo. Extrapolando os muros da instituição, o setor educativo realizou a oficina “Moldando Expressões” no próprio espaço de convivência dos idosos. O trabalho manual, de moldagem da argila e biscuit, estabeleceu, durante a execução da atividade, um momento de conversa e lazer entre os idosos, capturados pelos registros fotográficos do setor educativo.

Todos os projetos, programas e ações desenvolvidos pelo Museu e Auditório refletem sobre o dever dos equipamentos culturais de se constituírem enquanto polo de sociabilidade para a comunidade local. O setor educativo segue refletindo sobre a sua prática dentro e fora dos muros institucionais, buscando aproximar cada vez mais a comunidade local, abrir o diálogo com os diversos públicos e instituições parceiras.

REFERÊNCIAS:

RAFAEL, Lígia; PALMA, Maria de Fátima. Os museus como espaços de sociabilidade: as experiências educativas do museu de Mértola. Cam – Comunicações em Conferências Internacionais, Mértola, n. 106, p. 1-13, dez. 2013. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.26/4427.

DE MEDEIROS, Maria do Carmo Vieira. Museu e sociabilidade: o papel do museu na educação patrimonial e incentivo à cultura. V Colóquio de História: Perspectivas Históricas: historiografia, pesquisa e patrimônio, Pernambuco, p.785-794.

SANTOS, Thiago Haruo; RAMALHO, Guilherme. Escuta em tempos de pandemia: participação em museus a partir da experiência do Museu da Imigração do Estado de São Paulo. Simbiótica. Revista Eletrônica, v. 8, n. 2, p. 92-114, 2021.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Programa Educativo e Cultural. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Plano Museológico. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

2º QUADRIMESTRE

O ACERVO DO MUSEU FELÍCIA LEIRNER E SUAS DIVERSAS POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS

“A curiosidade é o impulso para aprender.”

Maria Montessori

Os primeiros museus no Brasil surgiram no século XIX com o olhar voltado para a difusão e a valorização do saber, das produções artísticas e culturais, viabilizando o fomento à modernização e à transformação da sociedade. Ao longo do tempo, a democratização ao acesso a esses espaços culturais resultou no aumento e na diversificação do público que não tinha mais suas demandas atendidas em apenas conhecer as exposições. Na segunda metade do século XX, os museus se consolidam como instituições essencialmente educativas e se voltam para as dimensões educacionais e comunicativas, com o objetivo de assegurar aos visitantes a apreciação e o entendimento do acervo, para tanto, adotaram estratégias pedagógicas que tornaram as exposições mais acessíveis, proporcionando ao visitante a aquisição de um conhecimento mais significativo (MARANDINO, 2008).

Observa-se que ao longo do tempo os museus passam a explorar com mais intensidade as suas variadas áreas educativas e comunicativas. As instituições museológicas são identificadas como espaços de educação não formal por possuírem uma forma própria de desenvolver suas práticas pedagógicas. Para a pesquisadora Almeida (1997, p. 50) a “educação em museus, além de complementar o currículo formal, é exercício da efetividade e preservação da memória e do patrimônio cultural”. Neste boletim para educadores será possível conhecer o acervo do Museu Felícia Leirner em suas diversas possibilidades pedagógicas que abrange áreas interdisciplinares do ensino escolar.

De acordo com Almeida (1997) as ações educativas promovidas pelos museus ampliam a possibilidade de exploração dos acervos, para que os visitantes intensifiquem a criticidade em relação à sua realidade e dos meios nos quais estão inseridos. Há tempos, a equipe educativa do Museu e Auditório tem elaborado e realizado atividades educativas junto a instituições escolares, realizando ações que envolvem as temáticas: Artes Visuais, Música e Meio Ambiente, fundamentadas na Base Nacional Comum Curricular. Com o objetivo de garantir a aprendizagem e o desenvolvimento pleno de todos os estudantes, realizam-se encontros tanto nos equipamentos culturais, quanto no próprio ambiente escolar.

O setor educativo do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro, a partir dos seus eixos temáticos, promove atividades pedagógicas que são oferecidas às escolas e também podem ser ferramentas auxiliares para professores das mais variadas disciplinas escolares. Os ambientes museológicos, por meio de suas intensas interações sociais, promovem a curiosidade e o questionamento, e propiciam ganhos cognitivos e afetivos para o estudante (CAZELLI; MARANDINO; STUDART, 2003). Um exemplo disso é a exposição virtual “Novos Olhares Sobre a Coleção de Felícia”, disponível para acesso em nosso site. Na mostra orientada pelas nossas equipes, munidos de materiais e informações importantes sobre a artista, baseados em pesquisas, os estudantes produziram suas próprias obras de artes. Essas produções foram expostas durante as mostras pedagógicas de final de ano de cada escola, permitindo a difusão do tema entre toda a comunidade escolar, pais e munícipes envolvidos.

O Museu e Auditório ofertam práticas pedagógicas em diversas disciplinas escolares. A vida e a trajetória artística tanto da escultora, quanto do maestro, possibilitam refletirmos sobre: a história, ao falarmos do contexto histórico do nascimento e morte; da geografia, quando abordamos as regiões de origem; da geopolítica, ao tratarmos questões políticas que influenciaram os artistas; e da arte, ao nos referirmos às técnicas utilizadas.

Além de escultora, Felícia Leirner escreveu textos e poemas que estão reunidos no livro “Textos Poéticos e Aforismos de Felícia Leirner” – (Perspectiva, 2014). Esse material pode ser utilizado em aulas de português, redação e literatura.

Não são apenas as disciplinas de Ciências Humanas que encontram conteúdos no museu que podem ser aplicados em sala de aula. A estrutura física do museu e do auditório oportunizam estudos sobre os fenômenos do eco e da reverberação, da análise de ângulos, massa, densidade, áreas e dimensões. Esses campos de investigação estão presentes nas Ciências Exatas, como em aulas de matemática e física, em cursos de engenharia e edificações, dentre outros.

Ademais, nossos espaços culturais estão localizados em um fragmento da Mata Atlântica, sendo uma área de preservação ambiental, no qual encontramos as matas de araucárias. Tais características abrem caminho para abordarmos temas das Ciências Biológicas, como: preservação e conscientização ambiental, fauna e flora local, espécies e reprodução de plantas, semeadura do pinhão, por exemplo, entre outros. Conhecer esses aspectos gera nos visitantes o sentimento de pertencimento e a necessidade de cuidar e conservar o ecossistema da região.

Todos esses conteúdos são adaptados conforme as necessidades, idade e o que irá suprir as expectativas de cada grupo escolar que visita o Museu e Auditório. Recebemos estudantes de todas as séries, desde o maternal até cursos de graduação. A visita educativa no acervo do Museu Felícia Leirner considera a formação do indivíduo além da transmissão de conteúdos, leva-se em conta a construção do conhecimento por meio da partilha e da troca entre os envolvidos e as instituições, para que possamos contribuir com a perpetuação do pensamento crítico e reflexivo dos alunos visitantes.

Referências

MARANDINO, M. (org). Educação em museus: a mediação em foco/ Organização Martha Marandino — São Paulo, SP: Geenf / FEUSP, 2008.

ALMEIDA, A. M. (1997). Desafios da relação museu-escola. Comunicação & Educação, (10), 50-56. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9125.v0i10p50-56.

CAZELLI, S., MARANDINO, M., STUDART, D. Educação e Comunicação em Museus de Ciências: aspectos históricos, pesquisa e prática In: Educação e Museu: a construção social do caráter educativo dos museus de ciências ed.Rio de Janeiro : FAPERJ, Editora Access, 2003.

https://www.museufelicialeirner.org.br/expo-novos-olhares-sobre-a-colecao-de-felicia/index.html

Felícia Leirner: textos poéticos e aforismos / organização J. Guinsburg e Sergio Kon – 1. ed. – São Paulo: Perspectiva, 2014.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Plano Museológico. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Programa Educativo e Cultural. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

1º QUADRIMESTRE

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E SUSTENTABILIDADE: AÇÕES EDUCATIVAS E O COMPROMISSO COM O FUTURO.

“Satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades.”

Nosso Futuro comum, Brundtland, 1987

Durante anos, o homem se considerou o dominador da natureza, acreditando que os recursos naturais eram uma fonte inesgotável, tendo como papel principal de servir o bem-estar humano e o desenvolvimento econômico, transformando-se, portanto, em uma sociedade consumista, onde indústrias e fábricas extraiam o máximo de recursos do planeta para acumular riquezas e satisfazer o consumo exagerado da sociedade, sem se preocupar com a natureza e as futuras gerações. Estabelecer o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade é fundamental para garantir que as próximas gerações encontrem um planeta com recursos suficientes para uma sobrevivência saudável. Pensando nisso, o primeiro boletim para educadores de 2022 traz como tema as ações educativas que têm compromisso com o futuro.

Em 1972, a Conferência de Estocolmo, primeiro evento realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir questões ambientais de maneira global, teve como objetivo discutir as consequências da degradação do meio ambiente. O encontro também abordou as políticas de desenvolvimento humano e a busca por uma visão comum de preservação dos recursos naturais.  Essa conferência foi de extrema importância para controlar o uso dos recursos naturais pelo homem, e lembrar que grande parte destes, além de não serem renováveis quando removidos da natureza em grandes quantidades, deixam uma lacuna, às vezes irreversível, cujas consequências serão sentidas futuramente. Desde então, a história do desenvolvimento sustentável passou a ser construída: Relatório de Brundtland (1987), AGENDA 21 (Rio 92), ODM (2000 – 2015), Rio +20 (2012) e os 17 Objetivos do Desenvolvimento sustentável (2015) AGENDA 2030.

Como Organização Social, a ACAM Portinari tem como missão gerir as unidades museológicas por meio de pesquisas, conservação e difusão dos acervos, com responsabilidade socioambiental, contribuindo para o desenvolvimento humano e comprometendo-se com a justiça social, a democracia e a cidadania. O Programa de Sustentabilidade Ambiental da ACAM Portinari tem como motivo: cumprir missões de preservação e comunicação de patrimônio com sustentabilidade ambiental, visando à redução dos impactos ambientais das atividades dos espaços culturais, e assegurar à comunidade que cada museu é parceiro e exemplo no bom uso dos recursos naturais. Baseando nesses princípios, apresentaremos a seguir algumas das ações educativas do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro que objetivam a conscientização e a preservação dos recursos naturais.

Visando proporcionar o maior contato com a natureza, as atividades Caça ao Tesouro Ambiental, Natureza Sensorial, Brincando com a Natureza, Descobrindo a Natureza, Cores da Mantiqueira, Você conhece nossa flora? e Relação com a Natureza têm como intuito demonstrar a relação obra/natureza e homem/natureza utilizando o acervo do museu, e apresentando aspectos importantes da fauna e flora local, enfatizando a importância da valorização e preservação do meio ambiente. Ainda com o objetivo de aprender sobre a fauna local, a ação Animais da Mata Atlântica utiliza materiais reaproveitados para confeccionar fantoches inspirados nos animais que estão presentes em uma área de aproximadamente 35mil² e que fazem parte de um importante remanescente de Mata Atlântica em Campos do Jordão (SP).

As atividades Aproveitando o que sobrou, Os três erres e eu, Confecção de Instrumentos Musicais incentivam a reutilização e o reaproveitamento de materiais que seriam descartados, realçando o consumo consciente e o descarte correto dos materiais. A contação de história Uma Gota Aventureira narra de forma simples e lúdica aspectos importantes sobre o ciclo da água, as formas de tratamento de esgoto, além de ressaltar a importância da economia de água, reconhecendo o valor do solo e da água para a vida, identificando seus diferentes usos e os impactos deles no cotidiano da cidade e do campo. Além de atividades que incentivam o reaproveitamento de materiais que iriam para o lixo, elementos encontrados na natureza local também fazem parte de ações educativas, como o Construindo Pássaros, por exemplo, que proporciona a criação de pássaros utilizando materiais naturais encontrados no Museu, tais como folhas, galhos, gravetos e sementes, valorizando assim a percepção em relação à natureza, objetivando a sua importância e ressignificando os materiais de forma lúdica.

Vale lembrar ainda que os projetos citadas acima fazem parte de uma gama extremamente ampla de atividades realizadas junto ao público e que, além das ações promovidas pela equipe educativa, todos os setores do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro trabalham em conjunto na busca por objetivos e compromissos institucionais visando à proteção das funções ecológicas, da biodiversidade e das condições ambientais da vizinhança, bem como a redução da emissão de gases do efeito estufa, economia do uso de água, energia elétrica e combustíveis, do consumo de materiais e a produção de lixo, evitando a poluição do ar, da água e do solo, minimizando danos ambientais da cadeia produtiva de materiais e serviços adquiridos, além de informar a comunidade sobre as ações de sustentabilidade ambiental.

Lembramos ainda que a equipe educativa mantém presença ativa na Câmara Técnica de Educação Ambiental – Parque Estadual Campos do Jordão, já mencionada em boletins anteriores, e está sempre aberta a firmar novas parcerias com o interesse de desenvolver ações que busquem práticas sustentáveis, além do constante estudo sobre o tema para criação de novas atividades, garantindo que as gerações futuras possam viver em um mundo mais equilibrado, que evolua sem causar danos aos ecossistemas e sem prejudicar o futuro do planeta.

Referências

  1. Sustentabilidade das Instituições e Processos Museais Ibero-Americanos  ̶ A construção de um Marco Conceitual Comum, apresentado por Patrícia Albernaz – Novembro, 2019
  2. SUSTENTABILIDADE EM MUSEUS: DO CONCEITO À PRÁTICA SECRETARIA DE CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA – Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico – Sistema Estadual de Museus de São Paulo – 22 de Novembro de 2019
  3. Programa de Sustentabilidade Ambiental – MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO PLANO MUSEOLÓGICO 2018 rev. 2020
  4. https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

4º TRIMESTRE

AS REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTAS DE APOIO ÀS AÇÕES EDUCATIVAS

“O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram.”

Jean Piaget

As redes sociais são agentes facilitadores de conexões sociais entre pessoas e têm ganhado, cada vez mais, espaços na vida da sociedade, operando em níveis diversos, permitindo o compartilhamento de informações e conectando pessoas a partir de interesses ou valores em comum. Desde o início da pandemia, devido à Covid-19, as redes sociais têm tido um importante papel na relação entre os públicos e as instituições como ferramenta de apoio as suas ações e programações. Esse é o tema do último boletim para educadores de 2021.

Existem diversas vantagens em fazer parte das redes sociais e é por isso que, ao longo dos anos, o crescimento do uso dessas ferramentas têm sido significativo. Elas aproximam pessoas que vivem em locais mais distantes, possibilitam a interação em tempo real, facilitam a relação com quem está mais perto, além do alcance a um maior número de pessoas que compartilham experiências e informações.

Considerando que “Os museus estão entre as instituições mais antigas da humanidade; são instituições que viajaram pelos tempos, que podem melhorar o presente e influenciar o futuro, através das reflexões que operam como lugares de representação, como polos educativos, geradores e disseminadores de conhecimento, promotores da cidadania, que valorizam as identidades culturais em suas formas de expressão cotidiana, ritual e material” (ANGELICA FABBRI, 2011, P.50), na rotina educativa do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro, o uso das redes sociais foi fundamental para a continuação de suas ações e atividades com os mais diversos públicos, sendo possível levar a pessoas das mais variadas idades e localidades as vertentes trabalhadas no museu e auditório: artes visuais, música e meio ambiente.

Para inserir o setor educativo nas redes sociais foi necessário adaptar os conteúdos de atividades que, até então, eram realizadas presencialmente, para que fossem disponibilizadas na plataforma virtual. Além disso, contou com a criação de novos conteúdos, planejados especificamente para as mídias, estudo e aprimoramento da equipe para a gravação de vídeos e a intimidade com as câmeras, como a adequação dos temas das ações para cada tipo de rede social, pois público e os objetivos se diferem em cada rede.

Museu e Auditório estão presentes nas redes: Instagram, Facebook, Twitter, Youtube e TikTok,  ferramentas com um grande número de alcance de visualizações, ferramentas que possibilitam realizar atividades, jogos, brincadeiras e curiosidades, visando sempre à qualidade das ações e permitindo a interação com o público, programações musicais e teatrais também integram a lista de ações compartilhadas em nossas redes sociais, assim como as lives que abordam diversos assuntos, atingindo pessoas de todo mundo que possam participar em tempo real.

A educação é uma das principais funções a todos os museus. No contexto atividades de preservação, conservação e comunicação de seus acervos é por meio da ação educativa que os museus exercem seu papel na transformação social e na interpretação da cultura e da memória. Sendo assim, as ações executadas buscam o desenvolvimento, a aprendizagem e o aprimoramento de habilidades e competências levando crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural. Ainda, as atividades são elaboradas e baseadas também em diálogo com os objetivos e parâmetros da Base Nacional Comum Curricular, proporcionando a participação, convivência, brincadeira, exploração, expressão e o autoconhecimento. Além disso, as programações realizadas também serviram de apoio ao planejamento curricular de algumas escolas do município de Campos do Jordão, onde os conteúdos postados integraram aulas virtuais para diversas faixas etárias.

Vale ressaltar que os museus são locais para o diálogo e para a preservação das identidades e da diversidade natural e cultural, lugares para diversão, encontro e aprendizagem. Apesar das redes sociais terem se tornado uma ferramenta de apoio as ações educativas e de aproximação com o público, elas não podes ser vista como substituta da vida presencial nos museus, da relação dos indivíduos e das comunidades com seu patrimônio e elos de integração social, do contato pessoal, da troca e da vivência particular de cada indivíduo em um espaço cultural, que sempre será a maior e melhor experiência.

Diante aos acontecimentos que levaram o setor a uma reformulação e readaptação de suas atividades nos últimos tempos, encerramos o ano de 2021 com a certeza de que a equipe de educadores do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro está sempre em busca de novos desafios e novos formatos que busquem contemplar os mais variados públicos, mantendo a qualidade e excelência em suas realizações e promovendo o contato com as atividades e ações dos equipamentos culturais, seja presencial ou virtualmente. E fica aqui o convite: não deixe de nos acompanhar em nossas redes sociais.

Referências

Museus: O que são e para que servem?  SISEM–SP (Organizador) São Paulo, 2011.  (Coleção Museu Aberto)

Que público é esse? Formação de públicos de museus e centros culturais Luciana Conrado Martins…[et al.]. – 1. ed. – São Paulo: Percebe, 2013

Museu e Turismo: ESTRATÉGIAS DE COOPERAÇÃO – BRASÍLIA, DF: IBRAM, 2014.

http://www.sabermuseu.museus.gov.br/educacaomuseal/

http://resultadodigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-redes-sociais/

3º TRIMESTRE

Museu e Auditório e sua parceria com a Câmara Técnica de Educação Ambiental PECJ

“A pessoa conscientizada tem uma compreensão diferente da história e de seu papel. Recusa-se acomodar-se, mobiliza-se, organiza-se para mudar o mundo.”

Paulo Freire

O Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro estão situados em uma importante reserva da Mata Atlântica que abriga, conforme estudo realizado pela ACAM Portinari em 2011, diversas espécies de plantas, árvores e animais. O Museu tem o compromisso de proteger e valorizar o ecossistema, fortalecendo-se como parceiro de unidades de conservação e referência em comunicação ambiental sobre a região e integrando-se ao mosaico de florestas preservadas, com manejo que inclui proteção da biodiversidade e recuperação de áreas degradadas

Visando a proteção, preservação e valorização da fauna e flora, a equipe de educadores do museu e auditório participa, desde 2019, da Câmara Técnica de Educação Ambiental – CTEA – do Parque Estadual Campos do Jordão. Um colegiado que surgiu a partir do Conselho Gestor, como Grupo de Trabalho no ano de 2017 e foi consolidado como Câmara Técnica em 2019, devido à necessidade de desenvolver o Subprograma de Gestão de Educação Ambiental presente no Plano de Manejo do Parque. Sendo assim, o CTEA desenvolve as atividades previstas no programa de Educação Ambiental e Comunicação – PEAC – reunindo instituições e membros da sociedade civil que tem como interesse comum a preservação do meio ambiente. Destaca-se, então, neste boletim, algumas atividades já realizadas com o CTEA PECJ e seus parceiros. 

Em 2019 e 2020, a equipe de educadores do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro participou da 4º e 5º edição do Curso Águas de Campos, voltado para professores da Educação Infantil e Fundamental I, parceria entre Secretaria de Educação e o Parque Estadual Campos do Jordão, que resultou em uma colaboração também com o Museu e Auditório. O curso ofereceu um aperfeiçoamento de informações referentes à fauna, à flora e às águas (nascentes, fontes e rios) de Campos do Jordão, cuja proposta era a elaboração de projetos e atividades que foram realizadas pelos professores com os estudantes em comemoração ao Dia da Água (22 de março).

Em celebração ao Global Big Day, evento mundial que ocorre anualmente entre observadores de pássaros, a equipe do Museu e Auditório juntamente com 32 outros passarinheiros, de várias cidades e diferentes estados, verificaram 67 espécies de aves, inclusive a observação do primeiro registro de Cais Cais, espécie até então nunca vista no município, aprendendo mais sobre as aves locais. Foi realizado também o Passeio Ciclístico – em comemoração ao Dia Nacional da Mata Atlântica –, com início na Praça Ministro Sérgio Mota e terminou às margens da represa Monte Carlo, onde foi feita a coleta de lixo do entorno da represa e depois o plantio de 70 mudas nativas. Essa ação contou com moradores da cidade e principalmente moradores do bairro Monte Carlo que fica próximo a represa.

Houve participação da equipe do Museu Felícia Leirner e do Auditório Claudio Santoro em ações voltadas à limpeza de rios da cidade, como a “Limpeza do Rio Sapucaí”, localizado no Parque Estadual Horto Florestal. Foram coletados 290 kg de resíduos das margens do rio, sendo estes garrafas pet, isopor, garrafas de vidro, plástico, entre outros. A ação contou com voluntários de diversos setores (IFSP, Rancho Santo Antônio, PECJ, etc.). Todos os resíduos coletados

foram doados para a ONG Recicla +. E em parceria com a Câmera Técnica Ambiental e outras instituições e moradores da Cidade de Campos do Jordão, a equipe educativa do Museu e Auditório esteve presente na ação “Limpeza das Águas”, nas margens das águas do Rio Sapucaí-Guaçú, no Parque Estadual Campos do Jordão, totalizando 50 voluntários. A equipe do educativo participou dessa ação juntamente com os setores de programação, acervo e edificação do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro. Essa ação, promovida por meio de um mutirão de limpeza, teve um papel educativo e de conscientização sobre o descarte inadequado e a destinação correta dos resíduos sólidos. Cerca de 446 quilos de lixo foram recolhidos no local.

Os educadores do Museu e Auditório também participaram do curso de formação oferecido pelo PEACE (Projeto Educação Ambiental para Corações Ecológicos), que é parceiro na Câmara Técnica de Educação Ambiental. O curso ministrado “Espécies de árvores da região de Campos do Jordão e sua importância na conservação dos recursos hídricos”, ofertado pela Educadora Ambiental Ana Carolina de Souza Nascimento, ofereceu grande aprendizado, com visita a um viveiro para ver as espécies nativas, trilha de reconhecimento das espécies em habitat natural próximas ao rio e lagos, reconhecimento das espécies observadas durante a trilha e construção de um mapa do local e plantio de árvores. Esse curso agregou no aprendizado na área ambiental, com participação de biólogos, engenheiro florestal e professores da rede municipal da cidade. Essas são algumas das ações dentre tantas outras que já foram realizadas nesses anos de parceria.

Encerramos este boletim destacando que continuam ocorrendo mensalmente reuniões virtuais com os membros – Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Fundação Florestal, Aventoriba, Parque Estadual Campos do Jordão, Comitê de Bacias Hidrográficas da Serra da Mantiqueira, PEACE, Altus Turismo, Associação de Vendedores de Pinhão, Educando e Cantando, Avepi, e Empresa Urbanis (Concessionaria PECJ) e sociedade civil) – da Câmara Técnica de Educação Ambiental PECJ que, mesmo em tempos de isolamento social, não deixou que seus projetos e objetivos fossem paralisados. Ressaltamos ainda que estamos abertos ao estabelecimento de novas parcerias para trabalhar junto a diversos públicos os temas pertinentes à educação ambiental, tema fundamental para que as pessoas se tornem mais conscientes sobre a sustentabilidade e a importância de construir um futuro mais limpo para as próximas gerações.

Referências

Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro Plano Museológico 2018 rev. 2020 – Programa Educativo e Cultural

Patrimônio Ambiental

http://camposdojordao.sp.gov.br/Noticia/?i=1636&c=